quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ultrarromantismo

Ultrarromantismo. Minha Escola Literária favorita. Meu amor. Minha vida. A coisa que tava em febre na época em que eu queria ter nascido. O lar do meu poeta (meu, com todas as implicações desse pronome) favorito. Então eu tenho que falar um pouco sobre, não?
O Ultrarromantismo com "U" maiúsculo foi A Escola Literária. O ultrarromantismo assim, com "u" diminuido, é o estado de espírito (o meu, do momento). Mas deixemos isso para lá.
O Ultrarromantismo é praticamente um grupinho. É, grupinho, porque diferente de alguns vários poetas brasileiros, não tinha pobreza nesse pessoal. Era tudo adolescente burguês sem mais o que fazer da vida. E aí, chegamos à primeira característica: o tédio. O tédio é algo muito chato, como todos sabem. Mas às vezes, algo legal acontece. Como, por exemplo, a criação desse blog. Enfim.
Então, some ao tédio (que também podemos de chamar de mal-do-século. Na época, era tédio + tuberculose. Hoje é tédio + ...? AIDS?) um pouco de satanismo. Mas bem pouco, pelo menos aqui no Brasil (de certa forma. Temos Macário aqui para falar bastante de Satã), mas eu acho esse satanismo completamente fake, porque burguês daquela época era criado em escola particular e igreja, praticamente, então é mais uma coisa que nossos brasileiros (principalmente o Álvares de Azevedo, principal Ultrarrômantico e participante da tríade do Romantismo - Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves, amém. Casimiro de Abreu? Faça-me o favor!) pegaram do exterior. Goethe e Byron, para informar vocês.
Tédio, satanismo e, agora, exaltação da morte. Ah, sim, que coisa bela é a morte! Muito melhor do que essa vida terrível que a gente leva. A morte é a morte, e pronto. Deixamos de existir. Deixamos de sofrer (talvez). A morte é bela. Só a morte traz a libertação. Libertação de que?, você pergunta. Desse tédio. Dessa melancolia - quanta melancolia, quanta tristeza para uma alma só aguentar! Melancolia de que? De nada. Melancolia, e pronto. Só aquele sentimento no peito de que tem algo errado. Algo muito, muito errado. E com essa tristeza sem explicação, vem a depressão... Tão profunda! Por que eu deveria sorrir? Eu sinto a morte. Eu sinto tédio. Eu me sinto só, só, só. Junto da depressão, do tédio, da morte, da melancolia, junto de tudo isso, vem a maldita solidão. A solidão... E por que eu deveria me preocupar com o resto do mundo? Podem me chamar de egocêntrico, mas o que me interessa sou eu, não é você. Não, minto, não sou só eu o que me interessa. Ele também me interessa. Ele quem?, você pergunta. Ele, ele que eu clamo a Deus por todas as noites...
Ele. Meu grande amor, que não veio e não parece querer vir, nunca. Ele que vai me tirar do tédio, da tristeza. Meu grande amor. Meu amor perfeito. Aquela pessoa perfeita, totalmente perfeita, feita para mim e somente para mim, ah, Deus, por que ela não vem logo? E quando ela vem... e quando essa pessoa chega, ela não me ama. Por que ela também não me ama? Eu amo a ela e só a ela, mais ninguém tem lugar na minha vida ou no meu coração, por mais que eu tente, por mais que eu queira, só ela faz sentido na minha vida. Vocês reclamam que eu sou depressivo, revoltado, mas ninguém entende como é sofrer por não ter um grande amor. Não entende. Deus, eu te peço isso a tanto tempo, é só isso que eu te peço, mas você nunca atende, não é? Então eu só posso me refrescar na morte...
Esse é o pensamento Ultrarromântico. Eu citei várias características nesses dois parágrafos, espero que vocês consigam perceber todas. O Ultrarromantismo é a distância (assunto que já foi abordado aqui) e a idealização. É o medo de amar. Sim, medo. Por mais que eles quisessem um grande amor, eles tinham medo de amar. Tinham medo de estragar tudo o que almejaram. Medo de fazer tudo errado. Medo, medo, medo.
E então, eles se arriscavam. Se arriscavam daquele jeito porra-louca, de ir em cemitérios, de fazer festas que varavam à noite, de ir à taverna, de pegarem milhares de cortesãs (e, consequentemente, sífilis). De viver numa putaria quase que eterna e sonhando com aquela virgem que eles tinham tanto medo de encostar de macular.
Mas talvez seja tudo da boca para fora. "O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente" (ou algo assim, não lembro direito.) Talvez eles fossem só playboyzinhos e talz. Eu acho que o Bernardo Guimarães se encaixa nisso, fato. Ah, mas eu estou falando só do Álvares de Azevedo e do povinho da Chacára dos Ingleses quando falo das festas loucas, claro. Porque o Junqueira Freire, tadinho, viveu confinado naquele lugar onde os padres ficam; e o Junqueira Freire perdeu o filho, ou seja, ele se amarrou em alguém, sua depressão era causada por isso, ademais, ele exerceu poesia das três gerações... E nem me faça falar do Casimiro de Abreu e seus malditos oito anos.
De qualquer forma... vou ver se arranjo um modo de pegar tuberculose, bgs.
Assassinado por Lagartixa.
(aliás, alguma vez vocês se perguntaram o porquê de Lagartixa e Vagabundo? Vão ler Spleen & Charutos do Álvares de Azevedo, vão...)

2 comentários:

Felipe disse...

bom texto, ajudou muito

Bianca Caroline Schweitzer disse...

oooh! *o* que descrição!
eu gostei de ler e lembrar de tabelinhas-explicativas, achei até divertido escrito assim (até nada)